Paróquia Nossa Senhora
da Conceição

Costa da Caparica

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As 7 últimas Palavras de Cristo-Testemunho do Autor

Testemunho do autor

Ao longo da minha vida, penso que sempre estive fascinado e também perturbado pelo crucifixo. Quando um dia vi, à entrada de uma aldeia, um crucifixo, não pude deixar de pensar em alguém, proveniente de uma outra cultura, que pela primeira vez lá chegasse e encontrar-se frente a um homem pregado, à morte, sobre uma cruz. Que acolhimento! Penso, que será um dos símbolos mais violentos da humanidade, em total contradição com mensagem do amor de Cristo.

Ao olhar para Jesus, traído, humilhado, espancado, pregado, perfurado, odiado, aniquilado, numa das mais atrozes e crueis mortes da história, não poderia ser levado a pensar aquela realidade, como um mero símbolo.

Há 8 anos, numa bela manhã gelada comecei a fotografar vários crucifixos num cemitério de Picardia, dentro de uma profundada e firme intenção de mostrar somente a violência. Não percebi, no momento, que Jesus estava a conduzir-me até Ele.

 Desde aquela manhã, sem intensionalmente O procurar, e em qualquer circunstância, seja na beira de um caminho, estrada, num esconço, numa igreja, numa floresta, Ele tem-se mostrado presente. 

Estes encontros começaram a ser cada vez mais intensos, e inspirados. Uma vez imaginei-me num lugar, vivendo a minha paixão. Muitas vezes, esmagado pela cena, por vezes, choro e derramo lágrimas de dor, em comunhão com Ele.

 Ao longo destes anos, a minha coleção de imagens têm-se, inevitávelmente, expandido. Assim como a minha fé.

 Hoje, obviamente, tenho um outro olhar para o crucifixo, um outro olhar para mim mesmo, e sobre os outros também.

 Jesus na cruz, é a ignorância do homem, a minha ignorância, a minha violência, o meu orgulho,a minha cegueira, o meu egoísmo.

 Jesus na cruz, sou eu, somos nós. Ele morreu por mim, para nós.

 Quem não tem a sua cruz? Que não vive o seu sofrimento, por vezes tão profundo?

Cristo na cruz é o amor incondicional, perdão, dom último de si mesmo, esperança, ressurreição, paz no coração, vida eterna.

Ao longo de 30 anos, tenho viajado pelo mundo e realizado trabalhos e projetos que vão sendo publicados na imprensa. Ao longo deste caminho conheci Cristo, que abre os meus olhos para a beleza do mundo que prende o meu olhar. Tocado no mais fundo do meu coração, capto imagens de cruzes e crucifixos que se vão se abrindo no meu caminho, constituindo uma coleção de imagens que vou partilhando em apresentações em igrejas e movimentos. Este ano, durante a Semana Santa, sugiro que medite por três minutos nas últimas palavras de Cristo, a cada dia um novo conjunto de vídeo para a música do compositor Jean-Luc Guyard.

O autor: Eric Sander