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Tempo da Quaresma (Ano B) e Mensagem do Bispo de Setúbal

Leia a mensagem do Bispo de Setúbal, D.José Ornelas, decarregando o documento

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Chamamos Quaresma ao período de quarenta dias (quadragesima) dedicado à preparação da Páscoa. Desde o século IV manifesta-se a tendência para a apresentar como tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência.Este período tem o seu inicio na quarta-feira de cinzas e seu término ocorre na quinta-feira santa, na celebração da última ceia de Jesus Cristo com os doze apóstolos…tempo forte de conversão e penitência, jejum, esmola e oração.Tempo de preparação para a Páscoa do Senhor, e dura cerca de quarenta dias. Neste período não se diz o Aleluia, nem se colocam flores na Igreja, não devem ser usados muitos instrumentos e não se canta o Glória a Deus nas alturas, para que as manifestações de alegria sejam expressadas de forma mais intensa no tempo que se segue, a Páscoa. A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da acção do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.Mistério da redenção, a vida nova em Cristo Senhor. Não podemos considerar a Quaresma como uma época mais, repetição cíclica do tempo litúrgico; este momento é único; é uma ajuda divina que é necessário aproveitar. Jesus passa ao nosso lado e espera de nós – hoje, agora – uma grande mudança.Para os domingos e os dias feriais deste tempo há uma série de formulários próprios, que se encontram no Missal e na Liturgia das Horas.

Quando começa e termina o tempo da Quaresma? Quais os dias e os tempos penitenciais? O que se deve viver nas sextas-feiras da Quaresma?

A Quaresma começa na quarta-feira de Cinzas e termina imediatamente antes da Missa Vespertina in Coena Domini (quinta-feira Santa). “Na Igreja universal são dias e tempos penitenciais todas as sextas-feiras do ano (em memória da morte do Senhor) e o tempo da Quaresma.” (Código de Direito Canónico, 1250). Estes tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna (obras caritativas e missionárias; Catecismo da Igreja Católica, 1438.

Lembrando o dia em que Jesus Cristo morreu, “Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.”; Código de Direito Canónico, 1251.

O que é a quarta-feira de Cinzas? Quando começou a prática da imposição das cinzas? Quando se benzem e se impõem? De onde provêm as cinzas? Que simbolizam as cinzas?

A quarta-feira das Cinzas é o princípio da Quaresma, dia especialmente penitencial, em que os cristãos manifestam o desejo pessoal de conversão a Deus. A imposição das cinzas é um convite a percorrer o tempo da Quaresma como uma imersão mais consciente e mais intensa no mistério pascal de Jesus, na sua morte e ressurreição, mediante a participação na Eucaristia e na vida de caridade. A origem da imposição das cinzas pertence à estrutura da penitência canónica. Começa a ser obrigatória para toda a comunidade cristã a partir do século X. A liturgia atual conserva os elementos tradicionais: imposição das cinzas e jejum rigoroso.

A bênção e imposição das cinzas realiza-se dentro da Missa, depois da homilia, embora em circunstâncias especiais se possa fazer dentro de uma celebração da Palavra. As fórmulas de imposição das cinzas inspiram-se na Sagrada Escritura (Gn 3, 19 e Mc 1, 15). As cinzas procedem dos ramos benzidos no Domingo da Paixão do Senhor, do ano anterior, seguindo um costume que remonta ao século XII. A fórmula da bênção lembra a condição de pecadores de quem as vai receber. Simboliza a condição débil e caduca do homem, que caminha para a morte, a sua situação pecadora, a oração e a prece ardente para que o Senhor venha em seu auxílio, a Ressurreição, já que o homem está destinado a participar do triunfo de Cristo.

A imposição das cinzas é um convite a percorrer o tempo da Quaresma como uma imersão mais consciente e mais intensa no mistério pascal de Jesus, na sua morte e ressurreição, mediante a participação na Eucaristia e na vida de caridade.

A Igreja na Quaresma convida a quê?

A Igreja convida os seus fiéis a fazerem deste tempo como que um retiro espiritual em que o esforço de meditação e de oração deve ser sustentado por um esforço de mortificação pessoal cuja medida é deixada à livre generosidade de cada um.Bem vivida, a Quaresma conduz a uma conversão pessoal autêntica e profunda, a fim de participar na festa maior do ano: o Domingo da Ressurreição do Senhor.

O que é a penitência? De que modo a penitência se revela na vida cristã?

A penitência é a tradução latina da palavra grega metanoia que na Bíblia significa conversão (mudança espiritual) do pecador. Designa todo um conjunto de atos interiores e exteriores dirigidos à reparação do pecado cometido, e o estado das coisas que daí redunda para o pecador. À letra, mudança de vida diz-se do ato do pecador que volta a Deus depois de ter estado afastado d’Ele, o do incrédulo que alcança a Fé.

“A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Batismo ou pelo martírio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade «que cobre uma multidão de pecados» (1 Pe 4, 8)” Catecismo da Igreja Católica, n.1434

Estas e muitas outras formas de penitência podem praticar-se na vida quotidiana do cristão, em particular no tempo da Quaresma e nas sextas-feiras, dia penitencial. Compêndio do Catecismo, 301.

O que é a conversão? Porque têm de se converter os cristãos já batizados?

O apelo de Cristo à conversão continua a fazer-se ouvir na vida dos cristãos. Esta segunda conversão é uma tarefa ininterrupta para toda a Igreja, que «contém pecadores no seu seio» e que é, «ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e de renovação» (LG 8). Este esforço de conversão não é somente obra humana. É o movimento do «coração contrito» (Sl 51, 18) atraído e movido pela graça (cf. Jn 6,44; 12,32) para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro (cf 1 Jn 4,10).
Catecismo da Igreja Católica, 1428

A conversão é coisa de um instante; a santificação é tarefa para toda a vida. A semente divina da caridade, que Deus pôs nas nossas almas, aspira a crescer, a manifestar-se em obras.

Viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor não Se contenta compartilhando; quer tudo. E aproximar-se d’Ele um pouco mais significa estar disposto a uma nova retificação.

Como concretizar o meu desejo de conversão?

De diferentes modos, mas sempre realizando obras de conversão, como por exemplo: Recorrer ao Sacramento da Reconciliação (Sacramento da Penitência ou Confissão), superar as divisões, perdoando e crescer em espírito fraterno; praticando as Obras de Misericórdia.

Que obrigações tem um católico na Quaresma? Em que consiste o jejum e a abstinência? A quem obrigam? Pode mudar-se a prática do jejum e da penitência?

Os católicos devem cumprir o preceito da Igreja do jejum e da abstinência de carne (Compêndio do Catecismo 432): nos dias estabelecidos pela Igreja, assim como o da confissão e Comunhão anual. O jejum consiste em tomar uma única refeição no dia, embora se possa comer menos do que é costume de manhã e à noite. Exceto em caso de doença. Obriga a viverem a lei do jejum todos os maiores de idade, até terem cumprido cinquenta e nove anos de idade (cf. CIC, 1252). Abstinência significa privar-se de comer carne (vermelha ou branca e seus derivados). A lei da abstinência obriga os que tenham cumprido catorze anos de idade (cf. CIC, 1252). “A Conferência episcopal pode determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abstinência, e bem assim substituir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abstinência ou jejum.” Código de Direito Canónico, 1253.