São Beda
O Venerável (c. 673-735), Monge Beneditino, Doutor da Igreja
«Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados»
Diz o profeta Isaías: «Olhai: a jovem está grávida e vai dar à luz um filho, e há de pôr-Lhe o nome de Emanuel» (7,14). O nome do Salvador, «Deus connosco», dado pelo profeta, refere-se às duas naturezas da sua única Pessoa. Com efeito, Aquele que é Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, é também o Emanuel do fim dos tempos, o «Deus connosco». Tornou-Se assim no seio de sua Mãe, porque Se dignou aceitar a fragilidade da nossa natureza na unidade da sua Pessoa, quando «o Verbo Se fez carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). Ele começou de forma admirável a ser o que nós somos sem deixar de ser quem era, assumindo a nossa natureza sem perder o que era em Si mesmo. […]
«Maria e teve o seu filho primogénito […] e deram-Lhe o nome de Jesus» (Lc 2, 7.21). «Jesus» é o nome do Filho nascido da Virgem, nome que indica, segundo a explicação do anjo, que Ele salvará o povo dos seus pecados. […] Será Ele que, evidentemente, salvará também da destruição da alma e do corpo os seguidores do pecado.
Quanto ao nome «Cristo», é título de dignidade sacerdotal e real. Sob a antiga Lei, os sacerdotes e os reis eram chamados cristos, devido ao crisma [que recebiam]. Essa unção com óleo santo prefigurava o Cristo que, vindo ao mundo como verdadeiro Rei e Sacerdote, foi consagrado: «Deus ungiu-O com o óleo da alegria, preferindo-O aos Seus companheiros» (Sl 44,8). Por causa dessa unção ou crisma, Cristo em pessoa e aqueles que participam da mesma unção – quer dizer, da graça espiritual – são chamados «cristãos». Por ser o Salvador, Cristo pode salvar-nos dos nossos pecados; por ser Sacerdote, pode reconciliar-nos com Deus Pai; por ser Rei, digna-Se dar-nos o Reino eterno de seu Pai.